Dizia um antigo professor meu que jornalismo deveria ser curso de pós-graduação. Primeiro o sujeito aprenderia sobre algo, depois aprenderia a falar ou escrever sobre a coisa. Isso amenizaria a quantidade de péssimos textos que encontramos em nossa imprensa. Mas se a situação já é crítica no jornalismo em geral, ela se agrava ainda mais quando falamos do jornalismo esportivo.
O pior é que o problema não é a “invasão dos jogadores” na crônica esportiva, até porque muitos deles são bem melhores do que os jornalistas formados e conhecem mais da matéria do que os “formados”, que se vangloriam de seus diplomas como se de fato as faculdades de jornalismo deste país fossem grande coisa, diga-se de passagem, cada vez mais se tornam lojas de venda a prazo.
Diante deste quadro o jornalismo esportivo é extremamente condescendente consigo mesmo. São raras as críticas à forma de se tratar o futebol, as divergências se limitam as diferenças de opinião.
É por isso que este blog se dedicará a criticar a imprensa esportiva, que tanto espaço tem nos meios de comunicação do país do futebol.
O primeiro texto é drible seco numa das características mais deploráveis do jornalismo esportivo: a covardia. Que, aliás, é uma falha de caráter condenável por si só. Na crônica esportiva ela assume uma forma bastante típica: crítica mordaz na ausência do jogador, puxa-saquismo quando o mesmo vai ao programa. Já repararam nisso? O sujeito se transforma de crítico raivoso em entrevistador carinhoso e compreensivo em questão de algumas horas. Basta a presença mágica do jogador em seu programa.
Não tenho nada contra a crítica, pelo contrário. Gosto muito mais do rádio do que da TV por este motivo. O que é deplorável é a súbita mudança de atitude do jornalista esportivo diante da presença do jogador. Quem não tem coragem de sustentar o que diz faz melhor se calando. A covardia tem uma versão mais light, quando o jornalista tenta manter sua crítica, mas para isso muda a linguagem, ameniza o vocabulário, usa e abusa dos eufemismos. De tão patético chega a ser cômico.
Não citarei nomes hoje porque seria injusto esquecer os demais, mas basta ter olhos e ouvidos para perceber. Os exemplos estão aí todos os dias.
Devo aqui ressaltar a existência de uma minoria de brilhantes jornalistas esportivos, infelizmente são minoria. Mas é graças a essa minoria, que tomada em conjunto, considero a crônica esportiva medíocre (mediana), sem eles ela seria simplesmente péssima.
Até a próxima.
Rocco, nada mais atual. Só tem piorado, em tempos de Copa do Mundo e programas esportivos com apresentadores auto-referentes. Abraço!!!
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