7 de junho de 2010

Energia Nuclear: Por que o Irã não pode?

Os EUA declararam oficialmente que possuem nada menos do que 5113 ogivas nucleares. (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/eua+declaram+arsenal+nuclear+de+5113+ogivas/n1237604945425.html)

Não, não é uma acusação de um esquerdista radical ou de um iraniano xiita. É uma declaração oficial do Pentágono, feita no início de maio às vésperas da Conferência para revisão do tratato de não proliferação de armas nucleares. E isso são os dados oficiais, o que é declarado, que quase sempre é bem inferior aos números reais. Mesmo assim é de assustar o poder de destruição dessas ogivas.

Além dos EUA, boa parte dos países europeus, Rússia, China, Índia e Paquistão entre outros, possuem armas nucleares.

Não há nenhum movimento concreto que sinalize a eliminação dessas armas nucleares, as reduções, aprovadas às duras penas, são lentas e muito tímidas.

É curioso como a grande mídia dá pouco destaque a estes números e imenso destaque ao risco representado pelo Irã.

O Irã oficialmente não se propõe a produzir armas nucleares, mas apenas energia nuclear. As agências internacionais e organismos de espionagem constatam eles mesmos que o Irã ainda não tem condição de enriquecer urânio em quantidade e qualidade suficiente para produzir armas nucleares. Porque então tamanha polêmica sobre o país?

A ONU exige um acordo, bastante limitador para o país e que pôs em cheque sua soberania. O Irã relutou, depois assinou com a intermediação de Brasil e Turquia. Assinou tudo que pediam, mesmo assim está sendo ameaçado por sanções.

Nâo há explicação lógica, não explicação alguma baseada no direito internacional para as reações contra o Irã.

Mas há explicações, que de tão brutais revelam a verdadeira face do jogo político internacional.

É como se as grandes potências dissessem: - eu tenho (5133!) e mando, você não tem porque eu não quero você tenha!

Na falta de argumentos mais sólidos e na dificuldade de assumir seu cinismo, os países centrais fazem uma política internacional baseada na subjetividade: - eles dizem que não farão armas, mas eu duvido, porque eles são "maus"! mesmo que tenham assinado aquilo que pedi...

A verdade nua e crua é que o clube nuclear fechou e não admite mais sócios, ou, ainda mais brutal, que o capitalismo precisa de mais uma guerra e demonizará o Irã para viabilizá-la.

Num mundo que funciona assim, somos levados a compreender que a bomba atômica tornou-se garantia de soberania, atalho para uma relativa independência e seguro contra intervenção militar estrangeira. Os países centrais vigiam para que os demais não possam produzir a bomba e sigam vulneráveis à qualquer intervenção militar. Ou alguém pensa que os EUA invadiriam um Iraque realmente armando de bomba atômica?

A bomba atômica empata um jogo militar desequilibrado, justamente porque o conflito militar acaba sem vencedores e de pouco adiantam as 5133 ogivas americanas contra 1/2 dúzia de ogivas de um país qualquer. O imenso aparato militar estado-unidense torna-se quase inútil nesta situação. A indústria da guerra teria seu peso estratégico reduzido. A bomba atômica mantém a paz, ainda que tensa e perigosa, ela quilibra forças díspares.

Certa vez o manda-chuva do Paquistão declarou que povo, já muito miserável, comeria terra prá que eles pudesse construir a bomba atômica. A cruel declaração, era completada com o seguinte argumento:  
- Porque sem a bomba atômica nem mesmo terra comeremos, pois a Índia a tomará de nós!

Isso pode ser triste e cruel. Mas é equivocado? Alguém mostra outro caminho?

Fica a pergunta: o Brasil deveria ter bomba atômica? Se quiser ganhar autonomia, seja em que regime for, sim a bomba atômica é importante.

Ataques histéricos pacifistas não mudam essa realidade. Pelo menos até o dia em que todos abrirem mão de de seus arsenais.

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