9 de novembro de 2007

Vitória dos pontos corridos! Por nocaute!

O Brasileirão de 2007 será lembrado como aquele em que os pontos corridos “pegaram no breu”. Os defensores do sistema mata-mata têm que ser muito cegos para não darem o braço a torcer: os pontos corridos venceram e convenceram. Por todos os aspectos possíveis são melhores que o mata-mata.

Comecemos pelo público. Hoje é sexta-feira e até a tarde de ontem exatos 70.905 ingressos haviam sido vendidos para Flamengo e Santos, domingo no Maracanã. Público pagante leitores, e não público presente, que no Rio passa de 10 mil por jogo. E ao público será maior ainda, já que restam mais de 10 mil ingressos à venda. Recorde absoluto superando o jogo do título São Paulo 3x0 América-RN.

A média de público tem sido excelente...
Tudo bem, está distante das médias européias, mas seria muita estupidez comparar diretamente Brasil e Europa, com suas abissais diferenças sócio-econômicas. A verdade é que o brasileiro faz milagres para comparecer ao estádio com seu salário de fome, ingressos caros e com “todo conforto” que lhe é oferecido. Quem vai a estádio sabe bem o que é sair ½ noite de quarta-feira de um “jogo da TV” (que começa depois da novela): falta ônibus e sobra sola de sapato.

E devemos lembrar um grande detalhe: Morumbi e Maracanã encolheram muito! O estádio do tricolor paulista oficialmente abrigava 140 mil torcedores e o Maracanã 180 mil! Encolheram para 72 mil e 90 mil respectivamente. Alguém duvida que as torcidas de Flamengo e São Paulo bateriam mais recordes ainda com mais “estádios maiores”?

É quase óbvio que público significa renda para os clubes. Mas não foi só a média de público que melhorou o caixa dos clubes. A duração do brasileirão também aumenta o total das rendas, as cotas recebidas da TV e a exposição dos patrocinadores na mídia, o que permite melhorar os contratos com publicidade de estádio, camisa e fabricantes de material esportivo.

Para os jogadores também melhorou. Ao contrário do mata-mata, quando a grande maioria dos times ficava fora de 1/3 do campeonato e dava férias desde outubro para seus jogadores desde outubro, agora os jogadores jogam até dezembro e podem negociar contratos mais longos. Fora os bixos e a grana para aparecer na TV com bonezinho e camisa de alguma marca.

Falamos aqui apenas do lado financeiro, mas ele só funciona porque o campeonato é interessante. Os críticos diziam que os pontos corridos “ficariam sem graça”. Pois bem, temos 3 rodadas para o final do campeonato e excetuando o campeão São Paulo e o rebaixado América todos estão na briga por alguma coisa, todas as torcidas tem motivo para assistir pela TV ou ir ao estádio. E os números estão aí para provar. Até mesmo a torcida do São Paulo, que teoricamente estaria desinteressada, já comprou quase 40 mil ingressos antecipados para o jogo contra o Grêmio que “não vale nada”.

Outra façanha dos pontos corridos é a sensível melhora na direção de vários clubes. Sustentar um time num campeonato longo exige planejamento, contratações bem pensadas e até mesmo, quem diria!, maior manutenção dos técnicos no cargo, mais paciência com os resultados. Caio Jr., Murici e Luxemburgo são exemplos de algo que até pouco tempo era raríssimo no futebol brasileiro, são técnicos que estão há mais de um ano em suas equipes. Até isso os pontos corridos melhoraram.

Quem não gosta são os clubes que ganhavam campeonatos na base do abafa, num golpe de sorte, se classificando na bacia das almas e depois fazendo das tripas coração no mata-mata. Estes não ganham mais e vão ter que mudar se não quiserem disputar apenas rebaixamento, sul-americana ou no máximo libertadores.

Deixei para o final o argumento mais brandido pelos defensores dos pontos: a justiça. É óbvio ululante que esta é a fórmula mais justa e premia o melhor, o mais regular e o mais organizado. Mas era um argumento tido como “romântico”, coisa de quem não entende que o futebol “é negócio” e precisa “fazer dinheiro”. Pois não é que os pontos corridos estão batendo o “mata-mata” até mesmo nesse quesito!

Resumindo: a fórmula é a mais justa, gera mais emprego, mais público, mais lucro para os clubes e quem diria está até mais emocionante!

7 de novembro de 2007

Os melhores jogadores do mundo em “todos os tempos”

Constantemente surgem eleições e estatísticas das mais variadas sobre quem foi o melhor jogador do mundo em todos os tempos e a mania se intensificou com a popularização da internet.

Tirando os argentinos, tomados pela “doença-Maradona”, todos reconhecem Pelé como o maior de todos os tempos. Mas excetuando-se o lendário camisa 10 do Brasil impera o caos.

Cada “eleição” utiliza critérios diferentes tanto e obviamente chega a resultados diferentes. Pra começo de conversa as eleições feitas pela internet não podem ser levadas a sério.

Primeiro motivo: o acesso a internet é extremamente desproporcional considerando todos os países. É o óbvio, mas é bom lembrar, porque isso privilegia potencializa eleitores de países com mais computadores e acesso a rede mundial, ou seja, os mais ricos.

O segundo motivo é que entre os usuários de internet os mais jovens ainda são maioria e simplesmente não viram jogar, ou no máximo ouviram falar, de jogadores dos anos 50, 60, 70 e 80, por exemplo. Dificilmente votarão nestes nomes.

Além disso, os mais velhos, que teriam condição de comparar jogadores ao longo de um espaço de tempo mais abrangente tendem a ser cada vez menos, afinal um fenômeno chamado morte costuma atingir as pessoas depois de algumas décadas de vida e os mortos até onde sabemos não acessam a internet.

O resultado é que depois de Pelé, aparecem Ronaldo, Zidane, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Cristiano Ronaldo e até Messi no topo da lista dos “melhores do mundo”.

Deuses da bola como Didi, Zizinho, Puskas, Rivelino, Di Stéfano, Cruiff e Beckenbauer e outros situam-se muito mal, ou são esquecidos, nas “modernas” listas dos melhores do mundo.

Melhor seria qualificar estas “eleições” como simples enquetes de opinião restritas a uma ou duas décadas no máximo.

Mas se Pelé segue soberano devido à vastidão de sua fama, que sobrevive ás décadas, nos resta uma pergunta: ele foi mesmo o maior de todos os tempos?

Este será o tema de um futuro post.

Para a “nossa” querida imprensa esportiva: medíocre é elogio.

Dizia um antigo professor meu que jornalismo deveria ser curso de pós-graduação. Primeiro o sujeito aprenderia sobre algo, depois aprenderia a falar ou escrever sobre a coisa. Isso amenizaria a quantidade de péssimos textos que encontramos em nossa imprensa. Mas se a situação já é crítica no jornalismo em geral, ela se agrava ainda mais quando falamos do jornalismo esportivo.

O pior é que o problema não é a “invasão dos jogadores” na crônica esportiva, até porque muitos deles são bem melhores do que os jornalistas formados e conhecem mais da matéria do que os “formados”, que se vangloriam de seus diplomas como se de fato as faculdades de jornalismo deste país fossem grande coisa, diga-se de passagem, cada vez mais se tornam lojas de venda a prazo.

Diante deste quadro o jornalismo esportivo é extremamente condescendente consigo mesmo. São raras as críticas à forma de se tratar o futebol, as divergências se limitam as diferenças de opinião.

É por isso que este blog se dedicará a criticar a imprensa esportiva, que tanto espaço tem nos meios de comunicação do país do futebol.

O primeiro texto é drible seco numa das características mais deploráveis do jornalismo esportivo: a covardia. Que, aliás, é uma falha de caráter condenável por si só. Na crônica esportiva ela assume uma forma bastante típica: crítica mordaz na ausência do jogador, puxa-saquismo quando o mesmo vai ao programa. Já repararam nisso? O sujeito se transforma de crítico raivoso em entrevistador carinhoso e compreensivo em questão de algumas horas. Basta a presença mágica do jogador em seu programa.

Não tenho nada contra a crítica, pelo contrário. Gosto muito mais do rádio do que da TV por este motivo. O que é deplorável é a súbita mudança de atitude do jornalista esportivo diante da presença do jogador. Quem não tem coragem de sustentar o que diz faz melhor se calando. A covardia tem uma versão mais light, quando o jornalista tenta manter sua crítica, mas para isso muda a linguagem, ameniza o vocabulário, usa e abusa dos eufemismos. De tão patético chega a ser cômico.

Não citarei nomes hoje porque seria injusto esquecer os demais, mas basta ter olhos e ouvidos para perceber. Os exemplos estão aí todos os dias.

Devo aqui ressaltar a existência de uma minoria de brilhantes jornalistas esportivos, infelizmente são minoria. Mas é graças a essa minoria, que tomada em conjunto, considero a crônica esportiva medíocre (mediana), sem eles ela seria simplesmente péssima.

Até a próxima.