28 de setembro de 2011

Em setembro...

Em setembro...

Hoje foi um dia daqueles.

Acordei, lembrei que faz exatamente 1 ano que me separei (deve ser isso, não me lembro o dia exato...).

Pouco tempo depois toca o telefone. Era um amigo de São Paulo; com uma voz meio embargada pergunta se eu já soube... Lá vem merda pensei eu...e veio: - O Redson do Cólera morreu de ontem pra hoje...Dali prá frente não prestei muita atenção em mais nada, fiquei numa paralisia que não deixou a tristeza pela coisa vir à tona.

Passei o dia digerindo essa má notícia. Não era amigo dele, no máximo nos trombamos em alguns rolês trocamos poucas palavras, mas não é isso que importa.

Quando morre alguém que faz um som do caralho sentimos como se fosse alguém muito próximo, porque realmente seus sons estiveram muito próximos de nós. Prá quem tem 37 como eu e passou a curtir punk na virada 80 pros 90 o Cólera significava muita coisa; fez parte da minha vida e continuava fazendo.

Morre um pouco de nós e com a morte o tempo nos avisa que ele passa prá quem foi e prá quem ficou.

Nesse último ano, um período que começou num setembro negro da minha vida, ouvir Cólera ajudou muito a me sacudir e tocar em frente. Na reta final prá entregar um trampo, cada minuto era importante, à medida que o prazo acabava eu tinha que dormir menos, de 8 horas caiu pra 6, prá 4, prá 2 horas; até que nos últimos 3 dias fiquei direto acordado, na base de café, pó de guaraná e muito Cólera no máximo. Como perdi um pouco a noção da hora os vizinhos reclamavam um pouco quando ligava “Viaduto” e “Medo” as 3h da manhã...mas me ajudou muito. Acabei até usando um trecho de “Medo” nos agradecimentos do trabalho...

Enfim, um banda do caralho tem o poder de animar em diversos momentos da vida e eu só posso agradecer ao Cólera e ao Redson porque mesmo sem saber é gente que deu a mão e me empurrou... prá frente.

Prá mim, entre todas as bandas punks brasileiras, e porque não dizer entre tudo de brasileiro que eu já vi ao vivo, era o melhor dos shows. Devo ter ido a uns 10 sons do Cólera, não me lembro de nenhum com menos de 3 horas: energia pura, intensidade, velocidade, quase sempre com o público cantando a maioria das músicas. Os caras tocavam como quem está fazendo o que há de melhor na vida, com uma garra no palco que poucos tem.

Faz 10 dias fui num som deles em Santos (deve ter sido um dos últimos ou o último quem sabe...) Fazia uns 4 anos que não ia em nenhum. Em Santos fazia muito tempo que não vinham, a última deve ter sido no Monte Serrat, das antigas...

Como sempre foi do caralho, mais de 3 horas de som sem intervalo, começou às 3h terminou com o dia claro, 6h e pouco. Lá pelas 5 e pouco o Redson fala – Oh! Agora é sério galera! São as últimas 4... Mentiu: foram umas 10...

Isso se resume tudo.